Medicamentos de alta vigilância exigem cuidado e atenção
Medicamentos de alta vigilância exigem cuidado e atenção
A administração errada de fármacos pode causar diferentes problemas a saúde do paciente, inclusive, levá-lo a óbito
Os medicamentos são uns dos primeiros recursos procurados quando há a presença de dores ou quaisquer outros sintomas, tendo finalidades profilática, curativa, paliativa ou diagnóstica. No entanto, quando suas administrações são feitas de maneira incorreta, podem causar danos, principalmente se são medicamentos de alta vigilância (MAV).
Segundo o boletim do Centro de Informações sobre Medicamentos da Universidade Federal de Sergipe, os medicamentos de alta vigilância podem representar alto risco quando administrados de forma errada, podendo resultar em efeitos adversos nos pacientes.
Dessa forma, torna-se fundamental saber como identificá-los e conduzir seu uso a fim de evitar problemas graves. Embora os medicamentos de alta vigilância sejam os responsáveis por danos mais severos, cabe ressaltar que todo e qualquer remédio, quando utilizado de forma incorreta, pode causar prejuízos à saúde.
Quais são os medicamentos de alta vigilância
Os itens eleitos como de alta vigilância podem ser facilmente identificados em uma consulta de medicamentos na internet ou em farmácias locais. A maioria dos produtos apresenta uma etiqueta com triângulo vermelho e uma mão que simboliza “pare”.
Conforme o boletim do Instituto para Práticas Seguras no Uso de Medicamentos Brasil (ISMP), elaborado com auxílio da Agência Nacional de Vigilância Sanitária, os MAV estão classificados como “classe terapêutica” e “medicamentos específicos”. No documento divulgado pelo instituto estão listados analgésicos, anestésicos, antiarrítmicos, inibidores, sedativos e anticoagulantes.
Alguns exemplos encontrados no boletim do ISMP são lidocaína, epinefrina, propofol, varfarina, rocurônio, hidrato de cloral, fosfato de potássio injetável e ocitocina endovenosa.
Geralmente, os medicamentos que se enquadram na lista de alta vigilância são utilizados na unidade de terapia intensiva (UTI). Além disso, alguns podem ser administrados em casos específicos em processos de intervenção, como na quimioterapia.
Problemas que a má administração pode causar
Segundo o Protocolo Assistencial Multiprofissional elaborado pela Universidade do Triângulo Mineiro e pelo Hospital das Clínicas local, os danos causados pelo uso incorreto de MAV dependem do medicamento utilizado. No entanto, em linhas gerais, pode-se citar hemorragias, delírio, letargia, hipoglicemia intensa, bradicardia, isquemia e convulsões.
Além desses males, também é importante destacar que a dosagem ou administração errada podem ainda agravar o quadro do paciente e levá-lo a óbito. Os danos geram impactos para o usuário e também custos adicionais à rede hospitalar, que precisará se envolver na recuperação do mesmo e também arcar com indenizações caso se desenrole em meios legais.
Como evitar a má administração dos medicamentos
As estratégias para evitar erros na dosagem ou administração do MAV, segundo o boletim do ISMP, são baseadas em três princípios: reduzir a possibilidade de erros, tornar os erros reconhecíveis e minimizar as consequências que esses atos podem trazer.
Em relação às barreiras que podem ser implementadas para diminuir o número de casos de danos, o instituto destaca a utilização de seringas adequadas para administração oral; inserir etiquetas informando a necessidade de diluir e riscos de administração sem ser por via venosa em certos medicamentos; padronizar dosagens e medicações; rotular os itens que podem causar riscos graves e incorporar alerta em sistemas informatizados.
Além disso, utilizar procedimentos de dupla checagem antes da administração do medicamento ao paciente também pode ajudar a prevenir falhas dentro dos hospitais.
O ISMP também destaca a importância da divulgação da lista de medicamentos de alta vigilância em todos os setores da rede hospitalar e compartilhar com a família do paciente sobre a dosagem e riscos que a administração incorreta pode causar. Dessa forma, os próprios acompanhantes também podem se manter atentos às medicações e auxiliar os profissionais da área da saúde a evitar possíveis erros.