Como ser um educador mais inclusivo
Como ser um educador mais inclusivo
Estudos revelam como a educação socioemocional pode contribuir para o desenvolvimento de crianças e adolescentes.
Pesquisas realizadas na área da educação e da psicologia revelam a importância de educadores terem uma perspectiva de desenvolvimento integral na sua relação com os estudantes e na prática pedagógica. O desenvolvimento de crianças e adolescentes requer não só o conhecimento pedagógico para o ensino de conteúdos acadêmicos, como também a capacidade de desenvolver projetos socioemocionais para acolher as diferenças e promover a inclusão na sala de aula.
A psicóloga e professora da Universidade Federal do Piauí (UFPI), Mirela Dantas Ricarte, explica, em sua tese de doutorado, as mudanças vividas pela sociedade que impactaram as diferentes áreas do saber, incluindo a educação. “O ser humano está em contato com uma diversidade muito maior de gênero, de sexualidade, de religião, de raça, o que exige uma transformação na forma como as pessoas entendem o mundo.”
De acordo com a especialista, esse cenário apresenta novas desafios para a eduação, que poder ser enfrentados por meio da promoção das chamadas “habilidades socioemocionais”. “É urgente e necessário que os paradigmas que sustentam a prática pedagógica se adequem ao novo estudante e à nova realidade em que se vive”, afirma a psicóloga.
Na avaliação do educador Patrick Marinho Duarte, a adequação deve ser realizada a partir da associação dos princípios da ética, da excelência e do engajamento às habilidades socioemocionais, como a criatividade, a resolução de problemas, o pensamento crítico e a colaboração.
Segundo ele, é preciso “compreender a necessidade de repensar a relação tradicional – professor ensina e aluno aprende”. Para isso, sugere caminhos e percursos metodológicos inovadores com foco no desenvolvimento socioemocional de professores e alunos, como explica em seu estudo “As competências e habilidades socioemocionais necessárias aos professores do século XXI: Um estudo à luz da ética, da excelência e do engajamento”.
O papel do professor na educação socioemocional
A educação socioemocional propõe práticas pedagógicas mais inclusivas, uma vez que incentiva os estudantes a desenvolverem competências que permitem um olhar mais empático e acolhedor em relação ao outro. Na prática, as atividades intencionais em sala de aula contemplam habilidades como o autoconhecimento, a empatia, a colaboração, a regulação emocional, a resiliência, o pensamento crítico e a criatividade.
Especialistas alertam, no entanto, que a educação socioemocional não pode ser centrada exclusivamente nos estudantes. Afinal, para ensinar tais práticas, é preciso que os educadores tenham a oportunidade de se desenvolverem socioemocionalmente.
Para o educador Patrick Marinho Duarte, o modelo de ensino deve ter alunos e professores como protagonistas. No caso dos estudantes, o protagonismo passa pelo envolvimento em projetos que o estimulem a tomar decisões, agir de forma colaborativa, bem como analisar de maneira crítica a situação.
Com relação aos educadores, o especialista afirma que é necessário “assumir o papel de mediador e facilitador, auxiliando os alunos na construção do conhecimento e no desenvolvimento de competências e habilidades”. O seu protagonismo inclui ser visto como “peça fundamental da educação” e, portanto, uma prioridade das instituições de ensino e da sociedade.
Inclusão nas escolas
A educação socioemocional como forma de lidar com os novos desafios apresentados às instituições de ensino e aos educadores tem sido tema de debates, pesquisas e eventos no Brasil e no mundo.
Nesse contexto, foi verificado que a implantação de educação socioemocional nas escolas é capaz de trazer resultados positivos para a inclusão, como a melhoria nos relacionamentos interpessoais dos alunos, a redução da violência e a prevenção ao bullying, como mostrou o estudo realizado pela Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE), em parceria com o Instituto Ayrton Senna.