Calouro de exatas: como superar o medo do cálculo nos primeiros períodos?
Após as comemorações pela aprovação no vestibular e a realização da tão esperada matrícula, é hora dos calouros do ensino superior começarem os estudos. Por conta da alteração do calendário acadêmico em função da pandemia da Covid-19, só agora, as universidades brasileiras deram início ao primeiro semestre do ano letivo de 2021. Apesar de ser muito aguardado pelos alunos, esse momento também pode reservar inseguranças.
Para os novos estudantes da área de exatas, os conteúdos da disciplina de cálculo costumam ser os principais motivos de apreensão. A matéria ainda causa rejeição e é apontada como fator de desistência em cursos do ensino superior como Química, Física e Engenharias. Mas para superar esse medo, é necessário, primeiramente, entender a origem dele.
Antes de aprender sobre limites, derivadas, aplicação de derivadas e integrais no curso de exatas, pode ser que o aluno não tenha vivido uma boa experiência com os estudos de matemática e esse conflito nos anos iniciais da vida escolar tenha sido levado até o ensino superior.
Origem
A relação dos estudantes brasileiros com a matemática é de dificuldade. Os resultados da última edição do Programa Internacional de Avaliação de Estudantes (Pisa), realizado pela Organização para Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE), em 2018, apontaram que 43,2% dos alunos do país tiveram pontuação baixa nas disciplinas avaliadas pelo estudo, sendo a matemática a responsável pelo pior desempenho.
A avaliação do Pisa foi aplicada para 10.691 alunos do sétimo ano do ensino fundamental, na faixa etária de 15 anos, em 638 escolas do Brasil. Foram analisados conhecimentos nas áreas de leitura, ciências e matemática. O exame também foi realizado em outros 78 países.
As pontuações dos alunos brasileiros foram: 413 em leitura, 404 em ciências e 384 em matemática. A média da OCDE para essas mesmas áreas foram de 487, 489 e 489, respectivamente.
Os resultados mostram que a relação conflituosa dos brasileiros com a matemática pode começar desde cedo e ser, também, uma questão cultural.
Matofobia
O Dia Nacional da Matemática é comemorado em 6 de maio. A criação de uma data específica para celebrar a disciplina surgiu da proposta de combater a aversão dos alunos à ela, também chamada de “matofobia”.
Especialistas apontam que um ensino descontextualizado, com foco apenas na memorização de fórmulas e regras, pode desestimular os alunos e desencadear o problema que, por vezes, provoca sintomas físicos e psicológicos como suor nas mãos, taquicardia e ansiedade.
Outro aspecto apontado pelos pesquisadores é que a forma de lidar com a matemática pode ser transmitida de uma pessoa para a outra. Assim, pais e responsáveis que tenham uma aversão à disciplina são capazes de transferir esse sentimento para os filhos.
Estratégias
Compreender que o medo da disciplina de cálculo pode estar associado à insegurança adquirida com as experiências do ensino da matemática antes mesmo de se chegar à faculdade é o primeiro passo para os calouros da área de exatas superarem esse desafio.
A partir daí, é necessário trabalhar em duas frentes: combater a insegurança e preparar-se para os estudos. “A insegurança pode causar problemas sérios para vida pessoal e profissional. Quando a pessoa não consegue confiar nela mesma, ela deixa de expor suas qualidades e passa a acreditar que sempre vai acontecer algo negativo”, explica a psicóloga Giselle Loures.
A especialista diz que a solução do problema passa pelo trabalho de autoconhecimento e a recuperação da autoconfiança. Para os calouros de exatas, ela dá algumas orientações. “É importante deixar as inseguranças do passado, evitar comparações e entender que esse trabalho é contínuo.”
Já a preparação dos estudantes exige dedicação. Para isso, é importante buscar formas diferentes de aprender. Os exercícios resolvidos no Responde Aí são uma alternativa para fixar o conteúdo adquirido em livros, vídeos e na sala de aula.
Mais do que assimilar, é possível gostar do ensino da matemática. Buscar as opções mais atrativas para fazer isso acontecer é uma das melhores estratégias para superar o medo.