Agenda ESG: como empresas do turismo e do transporte rodoviário podem ser sustentáveis
Práticas de sustentabilidade podem contribuir para tornar setor rodoviário mais competitivo
Se alguém pudesse apontar um dos temas mais relevantes de 2021, o ESG sem dúvida estaria nesta lista. Afinal, a sustentabilidade e preocupação com práticas de governança estão aumentando cada vez mais, levando as empresas a se adaptarem com esta realidade.
O turismo, sobretudo a parte ambiental, também foi impactado pelas mudanças e adoção do ESG. Por exemplo, uma empresa de ônibus pode se valer do ESG para adotar políticas mais eficientes e sustentáveis em seus veículos. Neste texto veja o que é o ESG e como ele pode beneficiar as empresas e o meio ambiente.
Social, ambiente e governança
A sigla ESG surgiu no idioma inglês, pois foi nos Estados Unidos e na Europa que a prática começou a se disseminar. O termo surgiu de fato em 2005, em uma ata da Organização das Nações Unidas intitulada como “Who Cares Wins” (Quem se importa vence, em tradução livre).
O documento foi composto por nove países diferentes, nos quais o Brasil estava incluído. Além da sigla, o relatório também introduziu as primeiras práticas de ESG e trazia diretrizes sobre como as pesquisas sobre o tema deveriam ocorrer.
Cada letra provém das iniciais das palavras que caracterizam os três pilares das práticas ESG:
Environment (meio-ambiente)
A primeira letra é justamente o tema mais abordado pelo ESG atualmente. Com o aumento da temperatura global, as empresas são cada vez mais pressionadas a adotar práticas que reduzam o impacto de suas operações no clima do planeta.
Nesse sentido, a parte do meio-ambiente trata sobre eficiência energética, combate ao aquecimento global, desmatamento, redução da poluição e outros. Quanto mais uma empresa investir nessas áreas, maior é a sua pontuação no critério de meio-ambiente.
Social (social)
O aspecto social avalia a relação de uma empresa com a sua comunidade, incluindo clientes e funcionários. O respeito aos direitos humanos e as leis trabalhistas do país estão incluídos neste tópico.
Temas como engajamento com funcionários e clientes, diversidade na equipe e proteção de dados são tratados neste tópico.
Governance (governança)
Enquanto o E e o S são focados no externo da empresa, o G trata da governança interna. Este ponto avalia quais são as estruturas que a empresa utiliza para formar sua administração e quais boas práticas ela adota.
Por exemplo, a empresa é transparente quanto às condutas corporativas exigidas de seus colaboradores? A remuneração dos executivos é clara e estabelecida em critérios justos? E qual a relação da companhia com os órgãos públicos? Essas perguntas são avaliadas e respondidas através da governança.
Portanto, o ESG engloba um conjunto de práticas exercidas pelas empresas nestas três áreas. O objetivo do ESG é avaliar qual o impacto social que uma empresa causa através de suas práticas de governança e proteção ao meio-ambiente.
Sustentabilidade no setor de turismo
Para Leonardo Wengrover, gestor e conselheiro do Instituto Brasileiro de Governança Corporativa (IBGC), ESG e Governança Corporativa podem ser aplicados em qualquer empresa. Para isso, basta que a empresa em questão tenha ideias, valores e princípios elevados em cada uma das três áreas.
Nesse sentido, as empresas de transporte rodoviário possuem as melhores práticas para combater a poluição urbana. Por exemplo, uma pesquisa realizada pelo Instituto de Energia e Meio Ambiente (Iema) em 2020 atestou a eficiência do transporte urbano na cidade de São Paulo.
Segundo os dados, coletados entre fevereiro e abril de 2020, a emissão de dióxido de carbono caiu 52%. A emissão de matérias como fuligem, caiu 51%, já a de óxido de nitrogênio, responsável por causar diversos problemas pulmonares, foi reduzida em 56%.
Esta sustentabilidade vista nos ônibus urbanos também serve para o setor de turismo intermunicipal e demais transportes rodoviários. No entanto, estas políticas não podem ser tratadas como algo esporádico ou restrito a ações especiais.
É preciso que o setor se mobilize para criar políticas duradouras que realmente tragam eficiência e sustentabilidade para as operações. As empresas de ônibus podem investir em serviços como reutilização da água de limpeza e dos banheiros, iluminação mais sustentável e, sobretudo, em sistemas que reduzem a emissão de gases através do sistema de escapamento dos veículos.
Ao mesmo tempo, o setor deve se mobilizar para registrar os impactos positivos dessas ações. Com isso, as empresas terão informações que podem tornar a agenda ESG de fácil entendimento, acessível e atrativa através de uma comunicação mais dinâmica com a sociedade.