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A importância da inclusão da odontologia no Programa Saúde da Família

A odontologia é um segmento essencial para a manutenção da saúde e bem-estar dos indivíduos. Apesar disso, grande parcela da população ainda não tem acesso a esse tipo de atendimento com qualidade, tendo a primeira consulta apenas quando adultos ou em casos de emergência.

Na prática, o profissional de odontologia visa prevenir e tratar problemas bucais variados. Contudo, no decorrer do tempo a profissão evoluiu em diversos nichos e especialidades.

Mais ainda, foi percebida a importância da saúde bucal como um identificador da qualidade de vida, autoestima, prevenção de outros problemas e até relacionada aos mais diversos aspectos sociais.

Nesse sentido, viu-se a necessidade de ofertar atendimentos cada vez mais humanizados, completos e multidisciplinares por meio de um acesso facilitado. 

Para isso surgiu o Programa de Saúde da Família, composto de diversas estratégias para a organização e suporte aos serviços de saúde. Inclusive, devido ao fato do plano ser uma ação de rede de apoio, atualmente é chamada de Estratégia de Saúde da Família.

Confira a seguir mais informações sobre este serviço.

O que é a Saúde da Família?

O Programa de Saúde da Família (PSF), ou Estratégia Saúde da Família (ESF), consiste em uma rede de apoio ao sistema de saúde básico, envolvendo campanhas de informação, proteção e promoção de saúde para os cidadãos, compreendendo-os como membros ativos de famílias e comunidades.

Com isso, o programa pode oferecer atendimentos de forma integral e contínua, promovendo o enfrentamento de problemas de saúde e na assistência desse público.

Desse modo, pacientes que antes teriam de procurar por clínicas diversas até encontrar alguma em que fosse possível realizar um implante dentario preco medio de forma segura e dentro de seu orçamento, podem procurar por essa rede.

Isso porque ela verificará as necessidades desse paciente e oferecerá um suporte, indicando locais para a realização ou ainda realizando esses procedimentos, conforme diretrizes do Sistema Único de Saúde.

Desse modo, a Saúde da Família atua como uma ferramenta de apoio para moradores e sistemas locais que não têm recursos suficientes para a realização dos procedimentos por meio da rede de saúde suplementar, por exemplo. 

Para que isso seja possível, incentivos financeiros são oferecidos.

Princípios e objetivos da ESF

Em sua base, o projeto tem como objetivo principal a melhoria da qualidade de vida da população.

Para isso segue princípios de programas de saúde, como o próprio SUS. Dentre as características estabelecidas para o atendimento de qualidade e alcançar o objetivo da ESF estão:

  • Descentralização dos atendimentos;
  • Integralidade nas campanhas;
  • Participação da (e na) comunidade;
  • Universalidade e humanização dos projetos;
  • Equidade nos atendimentos e na oferta de serviços.

Tais medidas são essenciais para que a resolução de diversos problemas sociais e de saúde sejam solucionados, amparando as comunidades em sua integridade.

Além disso, com uma equipe profissional multidisciplinar, é possível assistir o indivíduo, mesmo que na atenção básica relacionada aos tratamentos.

Por esse motivo, também é importante que haja uma rede de credenciamento nas demais pontas do projeto.

Isso garantirá a resolução dos problemas e encaminhamentos adequados sempre que necessário, como pode ocorrer no caso de um implante dentario – principalmente quando a necessidade do procedimento impactou questões psicológicas do paciente.

Como o atendimento é feito?

Como o suporte oferecido pelo Programa Saúde da Família visa uma abordagem mais humanizada e focada no paciente como um indivíduo social, por meio de ações individuais e coletivas, há uma atenção maior ao paciente, aos processos e ao sistema local de saúde como um todo, identificando as forças e fraquezas dessas redes.

Com isso, há uma mudança na visão que se tem do sistema e do paciente.

No segundo caso, ele passa de um agente individual para um ativo em sociedade, com interferências diversas para elencar as opções e soluções, avaliando – inclusive – os fatores familiares e sociais que podem afetar na saúde do paciente.

Vale destacar nesse ponto que a Estratégia deve levar em consideração o grau de vulnerabilidade de uma região. 

Isso porque quanto maior o grau de assistência demandado em uma comunidade, é preciso adequar os procedimentos e número de famílias assistidas, sendo o ideal entre 3 mil a 6 mil.

Desse modo, o programa concilia ações de reparação e assistência social a públicos vulneráveis, possibilitando desde uma educação continuada até o suporte para a realização de procedimentos estéticos, como é o caso da lente de contato dental.

No caso dos procedimentos, cabe dizer que a ESF considera os impactos que os problemas podem acarretar na vida, na qualidade das relações e até o risco de saúde que as patologias/situações oferecem, colocando a pessoa na frente do quadro clínico.

Com isso é possível criar um modelo de serviço de atenção que promove a educação/orientação, diagnóstico ágil, acompanhamento no processo, redução de danos e a recuperação dos diversos aspectos que se relacionam com a saúde do indivíduo.

No entanto, para que a estratégia funcione de forma adequada e as famílias possam ser assistidas, a equipe de atuação do Saúde da Família e o Agente Comunitário de Saúde (ACS) precisam reconhecer as fragilidades e necessidades da região, bem como dos pacientes, de forma individual e coletiva (como já mencionado).

Para que isso seja possível, ações que visam o vínculo entre profissionais e pacientes e a participação social dos agentes de saúde se tornam fundamentais para os projetos de proteção.

 Cadastramento e assistência

O atendimento realizado é um direito do cidadão, sendo realizado de forma gratuita por meio das Unidades Básicas de Saúde (UBS)

Já para realizar o cadastramento no Programa Saúde da Família é preciso fazer uma solicitação na UBS mais próxima a sua residência para uma visita do Agente de Saúde.

Com isso, as equipes que atuam na Estratégia e os agentes comunitários realizarão os procedimentos necessários para a efetivação do cadastro.

Dentre os processos estão:

  • Visita à casa da família interessada;
  • Identificação da condição de saneamento básico;
  • Verificação da condição de moradia familiar;
  • Acompanhamento mensal da saúde familiar.

Além das etapas mencionadas, documentos como RG, CPF e cartão do SUS podem ser solicitados para efetivar o cadastro na Estratégia Saúde da Família.

Contudo, informações e documentos complementares também podem ser solicitados no decorrer do acompanhamento.

Inclusão de profissionais da odontologia na Estratégia

A Estratégia Saúde da Família foi criada em 1994 pelo Ministério da Saúde. Mas apenas nos anos 2000 houve a criação das Equipes de Saúde Bucal dentro do programa, com a inclusão de profissionais da área, como um cirurgião-dentista.

Por conta da necessidade de ampliação dos atendimentos e de um novo modelo de assistência, ações que envolvem diversos âmbitos do acompanhamento e manutenção da saúde bucal foram incluídos nas práticas da ESF.

Isso ocorreu principalmente porque esses profissionais conseguem atuar de forma mais próxima à comunidade, criando uma relação de confiança com os grupos familiares e atuando de forma decisiva no sucesso das estratégias do projeto como um todo.

Com isso é possível identificar os fatores de risco, quais as famílias em maior vulnerabilidade, quais as reais necessidades e incômodos em relação à saúde bucal, bem como os impactos que trazem para o corpo e o grupo social.

Dessa forma é possível atuar em medidas de prevenção e educação, realizando campanhas assistenciais e informativas acerca dos cuidados bucais.

Ou seja, as campanhas se tornam essenciais para o desenvolvimento da comunidade e envolvem ações de promoção, prevenção e recuperação da Saúde Bucal, bem como permitem a análise dos índices relacionados a esses processos.

Já com relação à vinculação de profissionais e os benefícios propostos se destacam os aspectos financeiros e de mudança no setor. 

Isso porque muitos procedimentos e materiais são custosos e os atendimentos de intervenção e reparação de forma ágil e individual ainda são constantes nessa área que demanda um olhar mais humanizado.

Deste modo, trazer uma nova perspectiva sobre como realizar os tratamentos bem como os recursos disponibilizados mensalmente aos profissionais são os diferenciais propostos, garantindo que eles possam investir no trato e relação com os grupos atendidos.

De acordo com o Ministério da Saúde, dentre as atribuições comuns aos profissionais de saúde bucal na ESF estão:

  • Planejamento das ações nas unidades de saúde;
  • Identificação de necessidades e expectativas dos pacientes;
  • Realização de atividades educativas e preventivas;
  • Esclarecimento da importância da saúde bucal;
  • Prevenção e tratamento de patologias bucais;
  • Realização de procedimentos coletivos e individuais;
  • Visitação às moradias das famílias cadastradas de forma mensal.

Contudo, ainda pode ocorrer o atendimento por demanda, pois a prioridade de alguns atendimentos é o controle e redução de inflamações e dores, com foco em processos curativos e individuais. 

Por isso a prática humanizada demanda atenção constante e a adequação de acordo com o paciente e quadro, demandando a compreensão dos envolvidos para que novas redes de suporte sejam introduzidas de forma adequada.

Considerações finais

Com o advento do SUS, o acesso aos mais variados serviços de saúde de forma gratuita e democrática foi garantido à sociedade.

Dentre as redes de serviço complementares que visam atender a população mais vulnerável com qualidade está o Projeto de Saúde da Família.

Na prática, a estratégia consiste em um conjunto de ações de assistência à saúde populacional, garantindo a atenção primária dos problemas.

Para isso, profissionais capacitados, humanizados e um atendimento multidisciplinar se tornam essenciais, de modo a compreender o paciente como um indivíduo integrante de um grupo que também determina suas necessidades.

Desse modo, ao unir programas de acompanhamento e educação continuada ao encaminhamento/realização de procedimentos diversos (que podem ser ofertados pelos SUS), os objetivos de equidade no atendimento e promoção da saúde bucal se tornam cada vez mais possíveis.

Além disso, nesse modelo é possível estabelecer uma relação de troca e confiança entre profissionais e pacientes, ampliando os resultados e proporcionando uma dinâmica de mútuo aprendizado.

Contudo, apesar dos diversos avanços, ainda há uma longa jornada para promover um atendimento igualitário e universalizado, demandando constância nas ações realizadas.

Por fim, cabe ressaltar que a saúde bucal é fundamental para a manutenção do organismo e tem impacto direto na saúde mental. 

Desse modo, a inclusão da odontologia nas Estratégias Saúde Familiar têm se mostrado essencial para a identificação das fragilidades dos indivíduos e na promoção de uma rede de saúde completa, promovendo um novo olhar sobre os atendimentos.

Assim, além da vigilância aos serviços prestados, é possível desenvolver e encaminhar as famílias assistidas para profissionais que irão identificar os procedimentos mais necessários.

Com isso, seja para a melhora da autopercepção ao realizar tratamentos como a colocação de lente de contato de dente, ou nas campanhas de incentivo à higienização adequada, os agentes de saúde proporcionarão um espaço de troca e suporte às famílias.

Conteúdo originalmente desenvolvido pela equipe da Vue Odonto, uma rede especializada em atendimento odontológico com enfoque na humanização